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Entrevista do Profº Dr. Godofredo de Oliveira Neto

Entrevista do Profº Dr. Godofredo de Oliveira Neto do Depto de Letras Vernáculas da UFRJ

Ciência & Letra - Cruz e Sousa: esta edição do Ciência & Letra fala sobre o poeta João da Cruz e Sousa. Pobre, negro, filho de escravos. Estas seriam as mais sinceras e corriqueiras descrições de um dos maiores poetas da Literatura Brasileira.

O apresentador Renato Farias conversa com o escritor, professor e biógrafo de poeta, Godofredo de Oliveira Neto; e Guilherme Araújo, doutor em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Programa exibido em 01 de Dezembro de 2015.

Trecho da entrevista de Godofredo de Oliveira Neto
à Revista Biblio Cultura Informacional

entrevista concedida ao joenalista Chico de Paula - 01/09/2011
Clique aqui
para ler na íntegra.

     Olha, eu comecei muito com a chamada literatura francesa. Minha paixão de ler era Flaubert [Gustave Flaubert, escritor francês do século XIX]. Era uma época que em criança isso era comum. Estudei em colégio Franciscano e era forte essa parte de literatura, línguas, ciência humanas. Flaubert era estudado como metonímia em de toda a literatura. Comecei muito cedo a ler, entre 13 e 14. Eu lia poeta, tipo Manoel Bandeira, [Carlos] Drummond [de Andrade], pessoas que chegavam a mim já… Machado [de Assis], que eu aprendi a conhecer já no ginásio. Eu chorava quando lia. Machado naturalmente marcou naquela geração. Mas a gente tinha ali também, por sorte, sorte de ler Cruz e Souza, que era um autor catarinense, que embora não fosse superestudado, mas era lembrado. Me lembro a primeira vez que foi lido o Emparedado; é uma coisa que até hoje eu leio e fico arrepiado, de chorar. Quer dizer, o poeta negro dizendo do mau de ser negro nesse país. E ele foi o único depois da abolição da escravidão que gritava aos quatro ventos que continuava o martírio. Isso foi um aprendizado muito grande. E ele, para qualquer crítico, mostrando a arte daquilo, de esfregar na cara das pessoas. Isso pra mim marcou muito por conta do racismo, exatamente num estado onde essa questão está posta sempre. É curioso porque quando se têm regiões onde se tem um forte racismo, você também tem uma oposição ao grupo racista. Isso às vezes é producente, pois cria uma resistência. Me lembro também que nos Estados Unidos vigorava aquela descriminação nos ônibus, banheiros; tinha que sentar em lugar diferente. Nós lutávamos contra isso. Aí começou um pouco com o Movimento Estudantil, contra os militares, reivindicatório.

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