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     RELATO DE UM PROJETO PEDAGÓGICO DE SUCESSO
EM COLÉGIO PÚBLICO COM OBRA
DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO


(Extraído do meu Diário Anotações de Aulas de 2012
em colaboração com uma ex-aluna)

 

       No dia 19 de maio de 2012, em colaboração com minha ex-aluna Juliana Matoso do professora do Colégio Pedro II, situado em Duque de Caxias na época,  um projeto pedagógico para sua turma do 9º ano do ensino médio.
      Esse projeto, depois de aprimorado, resultou no trabalho “Em cena com João Cabral de Melo Neto: Morte e vida Severina”. A nossa ideia era estimular o trabalho colaborativo entre os estudantes do 9º ano e desenvolver, de uma forma interessante, o hábito de leitura.
     Primeiro, sugeri a ela que apresentasse obras sobre retirantes. Para começar bem essa etapa, Juliana procurou verificar entre seus alunos se existiam nomes de alunos ou seus parentes como Severino, como no poema “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto. Aproveitando o fato de  que eles já tinham lido a obra “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, e propus que realizassem uma analogia entre os personagens Fabiano e Severino.

    No passo seguinte, os alunos da Juliana que tinham parentes nordestinos, leram e analisaram o poema, reconhecendo muitos elementos presentes na realidade de seus pais, como a questão migratória para o sudeste e a cultura das benzedeiras que curam mazelas, que ainda é muito forte em algumas famílias. Além disso, descobriram questões que até então desconheciam, como o problema agrário da disputa de terras na região. Trazer um projeto que gerasse no aluno um sentimento de identificação foi uma das estratégias usadas para que eles quisessem e gostassem de participar das atividades.

      Os estudantes realizaram um estudo dirigido com questões sobre o poema para, depois, elaborarem um mapa conceitual sobre o tema. Logo após a análise, eles colocaram a mão na massa. Leram o poema novamente e, em grupos, elaboraram cinco paródias contando sobre as realidades dos Severinos que eles conhecem e convivem. Essa experiência fez com que entendessem que o Severino do poema é uma metáfora para representar as mazelas que a população vive. No final da produção, apresentaram os trabalhos para a sala em um seminário de leitura e discussão.

    Para encerrar o projeto, Juliana  propôs que seus alunos encenassem partes do poema. Todos ficaram muito felizes com a ideia. Eles dividiram os papeis e espalharam cartazes pela escola para divulgar a peça. A encenação foi essencial para trabalhar a oralidade de cada um.

     Ao final, a turma de Juliana foi convidada para apresentar a peça fora em outras escolas da região e outras unidades do Colégio Pedro II e eu a convidei para uma apresentação para minha turma de Letras na UNESA. Todos os alunos que participaram do projeto ficaram muito entusiasmados.

     Quando eu propus a minha aluna que ela fizesse o trabalho em grupo, ela revelou que houve um pouco de resistência por parte de seus alunos no começo, porque trabalhar com o outro significa casar ideias, o que é difícil. Mas, aos poucos, quando eles identificaram as semelhanças com a realidade que enfrentavam, a participação aumentou. O trabalho colaborativo foi uma das partes mais interessantes do projeto, porque cada um deu seu entendimento sobre o tema.

   Ao final, concluímos Juliana e eu, que com a realização dessas atividades, os alunos perceberam que a receita para escrever bem é ler e que todo escritor também é um leitor. Dessa forma, conseguimos alcançar nosso  maior objetivo : convencê-los que eles eram capazes de gerar bons textos e, com isso, elevar suas autoestimas.

Sugestão de Livro Recomendado para

minhas colegas professoras do Ensino Médio

POEMAS PARA LER NA ESCOLA.JPG
A poesia de João Cabral de Melo Neto não apela para o sentimentalismo. Afinal, a essência da arte do escritor pernambucano está em examinar a realidade lógica e concretamente. Esta coletânea, organizada pela professora e escritora Regina Zilberman, reúne os principais textos produzidos por João Cabral e funciona como uma boa introdução à obra dele. A seleção, no entanto, privilegia escritos que denunciam a pobreza no Nordeste, evidenciando a consciência social do seu autor.
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por Vera Lúcia Lopes Dias

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